O Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade do Sul de SC (Unisul) vai realizar em Palhoça uma pesquisa para testar a eficácia do medicamento anticoagulante edoxabana, combinado a antibiótico, no tratamento de pacientes com covid-19. Em parceria com a Secretaria de Saúde de Palhoça, o trabalho será desenvolvido na UPA Bela Vista, administrada pelo Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ides) em parceria com o município.
O projeto foi selecionado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), no Programa de Combate a Epidemias, em edital lançado no ano passado. A UPA Bela Vista foi escolhida porque no começo da pandemia foi definida como referência de atendimento a pacientes com evolução moderada (protagonistas do estudo) de covid-19 no município. “Será uma grande satisfação poder participar deste projeto e vamos colaborar com o que for necessário”, diz o diretor administrativo da UPA, Willian Westphal.
O foco da pesquisa é avaliar o efeito de tratamento clínico em pacientes com problemas de coagulação do sangue. “A universidade fará um ensaio clínico em pacientes com suspeita de terem contraído a covid-19 e que tenham problemas de coagulação sanguínea”, explica a professora Anna Paula Piovezan, coordenadora do projeto. Estes pacientes receberão protocolo diferenciado de tratamento e serão acompanhados diariamente pela equipe de pesquisa. Os trabalhos começam nos próximos dias.
De acordo com a professora Ana Paula observou-se que a covid-19 causava inicialmente uma lesão no pulmão e isto conduzia ao aparecimento de coágulos pelo corpo dos pacientes. Os coágulos acabavam causando um quadro de isquemia (redução na oferta de oxigênio do corpo), o que levava o paciente a apresentar, algumas vezes, um padrão inflamatório intenso. A partir desta constatação, os pesquisadores passaram a considerar que a covid-19 não seria uma reação inflamatória imediata causada pelo vírus e sim derivada de uma isquemia sistêmica, criada a partir da obstrução das artérias por coágulos.
“A baixa concentração de oxigênio nos tecidos é que levaria ao surgimento do quadro inflamatório intenso, com possibilidade de desfecho grave para os pacientes”, acredita o médico cardiologista Leandro Giacomello, vinculado à prefeitura de Palhoça e um dos idealizadores do projeto. Um total de 160 pessoas, maiores de 18 anos, e que apresentarem sintomas de positividade para a covid-19 e aceitarem participar, farão uso do medicamento anticoagulante e serão acompanhados pela equipe durante 28 dias. Além de Anna Paula e de Leandro Giacomello, também integram o grupo de trabalho os professores Jefferson Traebert e Eliane de Azevedo Traebert, ambos do PPGCS; as doutorandas Nathália Nahas Donatello e Ana Caroline Heymanns e a pós-doutoranda Verônica Horewicz.